domingo, 10 de novembro de 2013

Vasco de Lemos Mourisca, advogado e homem de letras (1911-1984)


Vasco de Lemos Mourisca nasceu em Albergaria-a-velha em 1911. Fez o curso secundário num colégio do Porto e iniciou os estudos universitários na Faculdade de Direito, em Lisboa.

Depois de ter deixado a vida das tertúlias e do Parque Mayer de Lisboa e o curso inacabado de Direito, Vasco Mourisca fixa-se em Albergaria, na casa de seus pais.

É o fundador do jornal Beira-Vouga que saiu pela primeira vez em 13 de Abril de 1941, mas acaba por abandonar a direcção do jornal "Beira-Vouga" em Maio de 1946.

No final dos anos quarenta, continuando a residir em Albergaria, apaixonou-se pela vida académica de Coimbra e deslumbrou-se com os Mestres da Universidade, tornando-se amigo de alguns deles. Concluiu então a licenciatura em Direito e abriu banca de advogado à qual veio a dedicar pouca atenção, porque a sua vocação voltava-se para a literatura.


Muito cedo, ainda nos anos vinte, começou a publicar poemas na "Gazeta de Albergaria" e no "Jornal de Albergaria", onde também colaborou em prosa, tal como aconteceu noutros periódicos que foram aparecendo na vila, como a "Gazeta", a revista "Vouga" e, mais tarde, a revista de cultura "Brisa".

Colaborou igualmente em numerosas outras publicações de fora do Concelho, como "O Primeiro de Janeiro", e ainda foi crítico literário do Rádio Clube Português e colaborador do programa "Os Companheiros da Alegria". Em 1941, funda o seu primeiro quinzenário - "Beira-Vouga", jornal de larga aceitação que marcou a diferença pelo seu inconformismo e juventude, pois o seu director soube atrair e incentivar a colaboração dos mais novos que aí se iniciaram.

Por dificuldades diversas, no final da década, passou-o para a Família Martins Pereira, tendo, no entanto, continuado a sua intensa colaboração que se prolongou mesmo na segunda fase do periódico, iniciada em 1962.


Em 1972 funda o "Arauto de Osseloa", estimulado e apoiado pelas inúmeras relações que entretanto havia criado nos meios literários e também da juventude aveirense.

O "Arauto de Osseloa" foi um quinzenário único, marcado pela personalidade e inquietação do seu Director e que, por isso mesmo, morreu com ele. Ninguém o podia ter feito da mesma forma, nem com o mesmo cariz.

Entre outras iniciativas singulares conseguiu manter um "Suplemento mensal de divulgação jurídica" - "Toga", em que colaboraram muitos advogados e magistrados, alguns dos quais chegaram aos postos mais elevados da Magistratura Portuguesa.


Mas Vasco Mourisca era fundamentalmente um poeta. Dotado de vasta cultura, de grande sensibilidade e de um inconformismo tão permanente quanto a sua instabilidade, foi fecundo e inúmeras vezes imprevisto e chocante.

Não se tendo nunca enfeudado a nenhum grupo, não pôde assim disfrutar nem dos favores do compadrio nem do eco das tubas que têm enroupado outros de muito menos mérito. Algumas vezes controverso, foi, no entanto, um grande poeta da língua portuguesa.

Deixou milhares de poemas espalhados por periódicos da imprensa local e nas páginas de alguns suplementos literários de jornais diários de Lisboa e Porto. Foi ágil ao traçar os perfis alindados das moças da região, foi irónico ou agressivo nas gazetilhas críticas, tocou a doçura rítmica dum lampejo lírico ou fez ecoar o rasgo lancinante de um espírito ansioso afundado em drama.


Faleceu com 73 anos em 1984, vítima de um longo e penoso cancro que aguentou estoicamente e, com intimidade, foi revelando aos seus leitores, até a morte chegar.

Livros

Publicou, entre outros, os seguintes livros:

"Dança das Nuvens" (versos), em 1943.
 "Alarme na Cidade do Porto" (romance policial) e "Brilham Estrelas ao Longe" (versos), ambos em 1947.
"7 Espirais de Sonho" (versos).
 "Folhas Soltas do Meu Diário" (2 vol. em verso e prosa).
"Mensagem de Luz" (cântico de Natal).
"Livro de Orações" (versos).
"Mahalia" (versos).

Letras de canções

É autor de de 3 letras de canções: "Entardecer de Outono" (música de Tavares Belo), gravada por Teresa Paula Brito no seu primeiro EP de 1962, "Polo Não" (música de Carlos Canelhas), interpretada também por Teresa Paula Brito, não editada em disco e "Aveiro" (música de Américo Amaral), interpretada por Maria Passos, não editada em disco.

Fontes/Mais informações: "Gente Ilustre em Albergaria-a-Velha" de António Homem de Albuquerque Pinho / wikipedia / João Carlos Callixto / Geneall / Kantos da Terra / Companheiros da Alegria

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